quinta-feira, 17 de junho de 2010

gasolina



Gasolina

Uso canecas que trouxe

De diferentes cidades

Para pôr canetas e lápis.


Como pincéis inclinados

Do estúdio do pintor

Quando este o abandona,

Gosto destas naturezas mortas.


E apago a luz sobre tudo

O que ainda mexe.


Mesmo as sílabas

Tentadoras sempre

Nos bicos de lápis, e canetas.


Apago a luz sobre o imenso plano

Em que vivi, escrevi, amassei

Tanta frase, tanta afirmação.


E ao abrir a porta de novo

Sobre a noite das cidades

Desfaço e desfaço-me

Nas sensações mais antigas


E vejo de novo as constelações.

As mulheres, os rostos, os aviões

A chegarem,

A sua gasolina forte.


Com que deito fogo ao meu passado.


texto e foto: voj junho 2010


Sem comentários:

Enviar um comentário