Gasolina
Uso canecas que trouxe
De diferentes cidades
Para pôr canetas e lápis.
Como pincéis inclinados
Do estúdio do pintor
Quando este o abandona,
Gosto destas naturezas mortas.
E apago a luz sobre tudo
O que ainda mexe.
Mesmo as sílabas
Tentadoras sempre
Nos bicos de lápis, e canetas.
Apago a luz sobre o imenso plano
Em que vivi, escrevi, amassei
Tanta frase, tanta afirmação.
E ao abrir a porta de novo
Sobre a noite das cidades
Desfaço e desfaço-me
Nas sensações mais antigas
E vejo de novo as constelações.
As mulheres, os rostos, os aviões
A chegarem,
A sua gasolina forte.
Com que deito fogo ao meu passado.
texto e foto: voj junho 2010
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